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Entre Bonecos e Solidão: o Alerta Social por Trás dos Bebês Reborn 3i3ds

FOTO: Divulgação

Cresce o número de casos em que adultos tratam bonecas hiper-realistas como filhos reais, gerando debates no Congresso e levantando preocupações sobre saúde mental e o abandono de idosos av25

Uma boneca hiper-realista, que imita com perfeição um recém-nascido, é o novo centro de uma discussão que já ultraa o campo do comportamento social e chega aos corredores do Congresso Nacional. Os bebês reborn, como são conhecidos, aram a ser tratados por muitos adultos como filhos de verdade — com direito a certidões de nascimento simbólicas, festas de aniversário, consultas médicas e, em casos mais extremos, pedidos de guarda compartilhada na Justiça.

O fenômeno, antes visto como um hobby artístico ou recurso terapêutico, agora acende um alerta. Em todo o país, surgem relatos de pessoas levando os bonecos a postos de saúde alegando sintomas como febre, e tentando obter atendimento preferencial em filas públicas e assentos reservados em transporte coletivo. A situação atingiu tal proporção que pelo menos três Projetos de Lei tramitam na Câmara dos Deputados para regulamentar ou proibir essas práticas.

A deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-SP) apresentou o PL 2323/2025, que prevê diretrizes de acolhimento psicossocial para pessoas que desenvolvam vínculos afetivos com objetos. Já o deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) propôs o PL 2326/2025, que proíbe o atendimento médico a bonecos reborn, alegando desvio de recursos públicos. O deputado Zacharias Calil (União-GO), por sua vez, sugere multa de até R$ 30 mil para quem utilizar esses bonecos com o intuito de obter benefícios voltados a crianças reais.

Nos bastidores dos condomínios, a realidade também impressiona. Tenho recebido consultas de moradores preocupados com o barulho de bonecos que simulam choro de bebê, questionando se poderiam brincar no parquinho, e, mais grave, o relato de uma idosa que vive sozinha e recebeu um bebê reborn como forma de companhia. Foi esse episódio que acendeu uma luz vermelha: estamos diante de um problema emocional disfarçado de brincadeira.

Isolamento entre idosos cresce no Brasil 2uv41

Dados do Censo Demográfico 2022, do IBGE, mostram que 5,6 milhões de idosos vivem sozinhos no Brasil, sendo 1,3 milhão apenas no estado de São Paulo. O número de domicílios unipessoais subiu de 12,2% em 2010 para 18,9% em 2022. O maior grupo é formado justamente por pessoas com 60 anos ou mais, representando 28,7% desses lares.

Em contextos de abandono afetivo ou negligência, os bonecos reborn tornam-se símbolos de conforto e pertencimento. Embora em alguns casos possam ter efeito terapêutico, especialmente entre pacientes com Alzheimer, profissionais de saúde mental alertam para os riscos emocionais quando o vínculo com o objeto substitui relações humanas reais.

Segundo especialistas, essa relação pode mascarar solidão crônica, dificuldade de lidar com frustrações, desconexão com a realidade, e até comportamentos com traços de narcisismo ou egoísmo. A ilusão de maternidade ou paternidade com um objeto inanimado pode impedir o indivíduo de buscar apoio emocional real.

Do lúdico ao legislativo 5ooj

Apesar do debate sério, algumas iniciativas tratam o tema com leveza. Em Sorocaba (SP), o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) lançou o programa “Brincando com o Bebê Reborn”, que permite a crianças brincarem com as bonecas por até 20 minutos em parques públicos. Os bonecos foram doados por uma empresa local, e o projeto foi anunciado nas redes sociais do prefeito, que possui mais de 3 milhões de seguidores.

Já no município do Rio de Janeiro, a Câmara de Vereadores aprovou o “Dia da Cegonha Reborn”, que aguarda sanção do prefeito Eduardo Paes (PSD). Em Minas Gerais, o deputado Cristiano Caporezzo (PL) apresentou projeto para proibir o atendimento de bonecos reborn nos serviços públicos de saúde. No estado do Rio de Janeiro, o deputado Rodrigo Amorim (União) sugere a criação de um programa de apoio psicológico aos chamados “pais e mães reborn”.

O papel dos condomínios e o Estatuto do Idoso 4r1af

O surgimento de casos envolvendo idosos e bonecos reborn dentro de condomínios reforça a necessidade de atenção. O Estatuto da Pessoa Idosa (Lei nº 10.741/2003) protege cidadãos com 60 anos ou mais e define como crime o abandono afetivo, psicológico ou material, previsto nos artigos 43 a 45 e 99 a 108. O abandono, mesmo disfarçado de independência, pode levar a estados de vulnerabilidade extrema.

Cabe à sociedade, à família e também aos síndicos de condomínios promoverem um ambiente acolhedor e vigilante às necessidades dos moradores idosos. Iniciativas simples como rodas de conversa, visitas periódicas, atividades coletivas e atenção à saúde mental podem ser decisivas para evitar que o afeto precise ser projetado em um boneco.

Mais do que um brinquedo 526z5a

Com preços que podem ultraar R$ 9,5 mil, os bebês reborn movimentam um mercado crescente e lucrativo. No entanto, é fundamental distinguir o uso terapêutico ou lúdico de uma relação patológica com esses objetos. O fenômeno não pode ser ignorado — ele é um reflexo direto da carência afetiva e do isolamento social vividos por muitas pessoas hoje, especialmente os mais velhos.

O bebê reborn, quando atravessa os limites do brinquedo e assume um papel de substituição humana, não deve ser motivo de deboche, mas de reflexão. É preciso empatia e ação. Afinal, o verdadeiro desafio não é controlar bonecos — é reconectar pessoas.


Se não quiser colocar a biografia, só assina a matéria. Cleuzany Lott é especialista em Direito Condominial, Presidente da Comissão de Direito Condominial e Membro da Comissão de Direitos dos Animais da 43ª Subseção da OAB-MG em Governador Valadares, 3ª Vice-Presidente da Comissão de Direito Condominial de Minas Gerais, Diretora Nacional de Comunicação da Associação Nacional da Advocacia Condominial (ANACON) e Diretora da Associação de Síndicos, Síndicos Profissionais e Afins do Leste de Minas Gerais (ASALM). Cursando MBA em istração de Condomínios e Síndicos com Ênfase em Direito Condominial –Conasi, atua como síndica, jornalista, palestrante, CEO do Condominicando.

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