Sem qualquer sombra de dúvidas, os primeiros brinquedos que os meninos recebiam, na minha época de criança, nos primeiros anos de vida, mesmo sem ainda começarem a andar, eram uma bola e um tamborzinho de plástico. Eu, por exemplo, recebi esses dois, e minha mãe não sabia o que mais a deixava louca! rsrsrs. 6r1yh
Adorava correr pela casa com minha bola “dente de leite” e, quando fomos morar em uma outra residência, que era próxima de alguns campinhos de futebol, a brincadeira melhorou muito. Era uma meninada que jogava bola, com pés descalços, ou com um calçado bem rústico, que se usava muito, chamado kichute. O nome já dizia tudo! Rsrsr. Jogávamos em campos de terra batida, e muito duros, onde a bola picava, e o seu domínio era dificultado, mesmo para os craques. Quando chovia, ficava impraticável, mas, mesmo assim, a gente jogava, ou tentava jogar. Todos os domingos havia os “festivais de futebol” valendo troféus, e em caráter eliminatório. Saía cedo de casa, jogava o dia inteiro, e só voltava à tardinha. A gente não almoçava! Comíamos um pão com salame e um refrigerante qualquer para não “enchemos o bucho”, como dizia o Sr Manoel, técnico, e pai de um jogador do time, que só jogava por motivos óbvios, que não aqueles ligados a sua habilidade futebolística rsrsrs.
Ah! E eu treinava e jogava em um time da cidade, que tinha estádio e campo gramado! Nessa época, ganhei meu primeiro par de chuteiras. Queria ganhar a chuteira da moda, a melhor! A chuteira “Pedro Rocha”, em homenagem a um grande jogador de futebol da ocasião, mas, como era muito cara, meu pai não podia comprar. Contentei-me com a que tinha ganhado. E olha que ela durou muito! Por incrível que possa parecer, gostava mesmo era de jogar na “várzea” em campos de terra mesmo. A gente não só jogava bola, como ríamos muito, principalmente depois com as resenhas após as partidas. Nosso técnico e dono do time, fazia a gente rir o tempo todo! Para ele era um grande atempo! Era um tempo muito bom e de muitas amizades!
Tenho muitas estórias para contar, adas nesses campinhos de terra. Certa vez, num domingo de muito sol, fomos jogar uma partida valendo um troféu, num bairro bem longe do centro da cidade, e de onde morávamos. Ao chegar lá, quando já trocávamos os uniformes no vestiário, nosso técnico e “dono” do time, antes da preleção, nos disse que foi ameaçado, e que se nós ganhássemos do adversário (que jogava em casa), não sairíamos sem tomar uma “porrada” (diziam que iam nos bater depois do jogo). Durante a minha meninice, gostava de ser desafiado. “Dava um boi para não entrar numa briga, mas quando entrava, dava uma boiada para não sair”. Em comum acordo, topamos jogar e ganhar, e sabíamos ser possível, pois nosso time era bem melhor! Combinamos que, faltando dois minutos, o nosso centroavante iria arrumar uma briga com um dos zagueiros, e a partida terminada, era só pegar o troféu, correr para a Kombi que nos esperava, e ir embora dali.
Aconteceu que, a briga começou, e todo o time adversário saiu correndo atrás de nosso centroavante até o vestiário para pegá-lo. Graças a Deus, e ao nosso técnico, a situação foi apaziguada, e conseguimos sair de lá, vitoriosos, e sem tomar pancada ao fim da partida. Briga no futebol era comum nesses campinhos.
O bom, no “futebol das antigas”, era que jogávamos brincando, com alegria, e fazendo muitos amigos. Esse futebol de meninos, com muita alegria, era levado, depois por alguns que se profissionalizaram nos clubes, se tornando jogadores famosos, verdadeiros craques.
Ainda hoje sinto saudades das “peladas“ e das partidas “épicas”, nos campos de terra batida, na cidade onde nasci e fui criado. São tempos que não voltam mais, porém deixaram muitas alegrias!
A geração de hoje, infelizmente, não tem a mesma experiência, já que os campinhos de terra batida, deram lugar à grande urbanização das cidades, e os primeiros brinquedos que recebem são joguinhos eletrônicos, bem diferentes das bolas “dente de leite” que ganhávamos.
Hoje o futebol se profissionalizou, acabaram-se os campinhos, e a meninada, com os olhos brilhando pelos jogos eletrônicos e celulares, seguem as suas vidas, sem nunca terem sentido a felicidade de jogar bola, com alegria, e fazendo amigos eternos. A minha geração teve esse privilégio!
Ah ! Que saudade desse “futebol das antigas”!
Até a criança mostra o que é por suas ações; o seu procedimento revelará se ela é pura e justa. Provérbios 20:11
(*) Advogado militante – Coronel da Reserva da Polícia Militar. Curso de gestão estratégia de segurança pública pela Academia de Polícia Militar e Fundação João Pinheiro
As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.