ALGUNS MESES VIVI EM BRASÍLIA.PRINCIPALMENTE NASCI EM BRASÍLIA.POR ISSO SOU ALEGRE. VAIDOSO. CONFIANTE.70% DE FÉ NAS VEIAS.80% DE ESPERANÇA NA ALMA.90% DE AMOR NO CORAÇÃO. 7045x
Cheguei naquele longínquo 72. Nascido no Gama, algum tempo depois descobri que era “candango” (apelido dado aos brasilienses natos por causa do êxodo daqueles que construíram a capital federal na década de 50). Algumas semanas depois, desembarquei em Governador Valadares. E é óbvio que não tenho lembranças dos meus primeiros dois ou três anos de vida.
Minhas primeiras memórias remontam à segunda metade da década de 70. Acho que em 76 ou 77. Morava com meus pais e meus irmãos na rua 30 de janeiro, no bairro Grã Duquesa. Era uma casa de esquina com uma varanda, com uma pilastra, que eu me lembro de subir algumas vezes – numa época que nem existia a pole dance. A sala era pequena. Me lembro de um sofá enorme (para uma criança de 4 ou 5 anos) e lá na frente, uma TV preta e branca de umas 14 polegadas no máximo. Eu ava as tardes e algumas manhãs assistindo desenhos.
Meu quarto também era pequeno. Eu gostava de ar o tempo conversando com um urso laranja de plástico que eu chamava de “Bimbão” (mais tarde descobri que o nome correto era Pimpão, rsrsrs…). Nos fundos daquela casa, tínhamos um quintal. E ali era minha alegria. Tínhamos um pé de castanha, o solo era com aquela terra batida e quando chovia, meu irmão e eu adorávamos brincar de “finquinho”, um jogo onde você pega um pequeno pedaço de ferro e vai mirando na terra para acertá-lo “em pé”. Às vezes, brincávamos de “birosca” (era assim que chamávamos as bolinhas de gude). Mas a atração maior do quintal era o galinheiro dos meus pais.
Enquanto militar, meu pai ava boa parte do tempo no quartel. Minha mãe era professora e se dedicava bastante a essa atividade. Meus irmãos também ficavam boa parte do tempo na escola e eu ficava boa parte do tempo com minha avó Olívia. Assim, era eu o “sortudo” que fez amizade com o galo da família. Sim, porque ninguém podia chegar perto dele. Nem mesmo meu pai ou meus irmãos. Eu entrava tranquilamente e chegava a carregá-lo de um lado para o outro. Sem dúvida, impunha respeito. Mas foi aquele galo que, de alguma forma, reforçou a torcida familiar pelo Atlético Mineiro (ainda que naquela época, o “time da moda” fosse o Cruzeiro, recém-campeão da Libertadores). Às vezes, saía de casa e andava por aquelas ruas barrentas da região, algo que não se vê nem mesmo em bairros mais distantes do centro da cidade. E foi naquele ambiente bucólico, que os Calixto viveram. O membro mais novo da família era “paparicado” e na minha mente pueril, inocente, jamais imaginaria o que viria pela frente. Mas isso é uma outra história.
Observatório
A CAMISA DA DISCÓRDIA
Pra que facilitar, se dá pra complicar?
Por muito pouco, a CBF não cometeu outro erro crasso.
Desde 1950, as camisas históricas da Seleção Brasileira em jogos de Copa do Mundo sempre foram amarela ou azul.
A última vez que jogamos com outra cor, em 1950, perdemos a Copa daquele ano para o Uruguai. Desde então, a amarelinha se tornou um verdadeiro símbolo. Não é superstição. É toda a simbologia e tradição que existe por trás do “manto” amarelo (eventualmente laranja como foi no belíssimo uniforme de 1982).
O fato é que algumas seleções ousaram criar uniformes com cores diferentes da bandeira nacional, mas havia uma identificação muito forte por trás. A Itália, por exemplo, sempre jogou de azul, cores da ”famiglia” real de Sabóia. A Holanda joga de amarelo pelo mesmo motivo.
Por sua vez, o segundo uniforme da Alemanha é verde, que é a cor da centenária Federação Alemã. O Japão joga de azul por superstição. Em 1936, numa partida contra a Suécia pelos Jogos Olímpicos, os “samurais” usaram a camisa de uma universidade local e acabaram saindo vitoriosos. A Austrália joga de amarelo por conta da flor símbolo do país (Acácia).
Há muitas outras seleções que jogam (ou já jogaram) com camisas sem as cores de suas bandeiras nacionais. O Uruguai já jogou de vermelho, mas jamais numa disputa de Copa.
A questão, meus amigos é que se trata do Brasil. Pode parecer um pouco de soberba, mas no meu entendimento se a tal camisa da discórdia fosse adotada, seria a “pá de cal” em um dos maiores símbolos nacionais (ainda que de forma velada).
Temos uma Seleção Brasileira maltratada pelos seus dirigentes e pelos nossos jogadores. Já não se tem amor à camisa e o que conta é o “vil metal”.
Nosso presidente “comprou” uma eleição com a conivência dos clubes e federações, os mesmos que vivem reclamando do nosso calendário insano. E tem mais… nunca na história ficamos tanto tempo sem um treinador.
Ninguém é maluco de querer assumir um cargo que fica à mercê de um presidente que “mete os pés pelas mãos” e só estraga o nosso futebol. Além disso, a ideia é tão descabida e tão sem noção que vai amplificar esta polarização imbecil que existe em nosso país há quase uma década.
Já estava imaginando a torcida dos milhões de brasileiros na próxima Copa do Mundo.
Se vestisse amarelo, me chamariam de “minion”, se estivesse de vermelho, seria taxado de comunista. Não dá pra ficar resignado.
Ah… e não me venham com essa historinha de vermelho, cor do “Pau Brasil”…
Ednaldo quase conseguiu. Temos o Brasil de Pelotas e, por muito pouco, não tivemos o Brasil de Idiotas…
(*) EDSON CALIXTO JUNIOR é escritor, teólogo e jornalista. Trabalhou no Diário do Rio Doce, Rádio Globo/CBN, Rede Novo Tempo de Comunicação, foi assessor de imprensa na Assembleia Legislativa do Paraná (2003 – 2010). Atualmente é servidor público federal.
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