Nos antigamente, como regra geral, os futebolistas de nosso país se eternizavam em seus clubes, neles desenvolvendo toda carreira esportiva, neles se aposentando ou simplesmente encerrando a atividade de atleta de futebol. Muitos, no mesmo clube, seguiam no desempenho de outras funções. Identificação total com a agremiação. 6b2h4t
Se a quase totalidade do grupo ou plantel, juntos eram mantidos por muito tempo/anos, o conjunto era inevitável e verdadeiros “colírios para os olhos” eram vistos pelos torcedores ou meros simpatizantes do esporte das multidões, através de um futebol exuberante.
Os da velha guarda se lembram de Chamorro, Tomires e Pavão, Jadir, Dequinha, e …., timaço que fez história. E o que dizer de Barbosa, Paulinho e Beline, Écio, Orlando, e …., concorrente que não deixava por menos.
Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo, Zagalo e…, jogavam mais ou menos e eram páreo duro para um esquadrão paulista que tinha Dorval, Mengálvio, Coutinho, Édson, Pepe e… inúmeros outros. – Dá ainda para serem listados grandes esquadras do Palmeiras, São Paulo, Portuguesa de Desportos, Fluminense, Internacional, Grêmio, Galo e Cabuloso.
A tal de globalização ou coisa parecida se meteram no futebol, dando-lhe uma conotação totalmente comercial, dele excluindo o relativo equilíbrio existente ou possível de ser alcançado, com o surgimento de potencias clubísticas integradas por celebridades que ainda chamam de futebolistas ou atletas de futebol.
O óbvio é que, grandes competições e grandes disputas aram a ter seletividade em seus ganhadores, inviabilizando conquistas outrora possíveis. Mundiais de clubes têm donos? Champions League? Campeonatos Nacionais? Libertadores, também?
Todavia, recentemente algo de novo, inusitado, estranho mesmo ocorreu no ‘reino da Dinamarca’. Não sendo a maior força futebolística da Argentina, de forma merecida e inquestionável o RACING se tornou vencedor da Recopa Sul Americana, vencendo o poderoso Botafogo lá e aqui. E praticando um vistoso futebol.
Para se cacifar à disputa, o clube argentino se tornou campeão da SUL AMERICANA, derrotando os brasileiros Corinthians e Cruzeiro, sem contestação alguma. Atuações soberanas, mostrando dedicação, organização dentro das quatro linhas e… muita vontade de vencer.
Assim como os europeus, Emirados Árabes e outros milionários, os clubes brasileiros de forma irresponsável ou irracional, aram a contratar a torto e a direito, com preços exorbitantes, atletas de futebol que vêm se destacando nos clubes das AMÉRICAS, incluindo Argentina, Uruguai, Colômbia, Chile e Paraguai. Uma verdadeira leva ou limpeza.
Restou e continua restando aos nossos vizinhos a valorização de seus atletas não exportados, somados às jovens promessas e, com muito trabalho – garra não lhes faltam -, montarem times com padrões de jogo bem definidos e praticarem um futebol eficiente. É o que lhes coube e que com raça, vergonha na cara e muita disposição, procuram fazer.
Assim como quase imaginável um clube brasileiro vencer um mundial de clube, não menos verdade ser muito difícil, nos tempos atuais, a Libertadores da América ter como campeã uma equipe que não seja brasileira. É questão de obrigação. Mas…
Enquanto por aqui ‘nossos treineiros’ vão exigindo contratações e mais contratações, um apaixonado Gustavo Costas à frente do Racing, promove espetáculos à beira do gramado, vibra como poucos, mostra conhecimentos, nos brinda com uma equipe bem armada e leva com méritos ‘o caneco’ da Recopa. Deixou-nos todos com um gosto de guarda chuvas na boca.
Do vizinho país ao lado vem o recado para que haja uma séria e responsável reflexão sobre os destinos do futebol do país que já praticou o melhor futebol do mundo e que não o pratica mais. Onde não se tem uma política séria e responsável para as divisões de base e que atropelam e sufocam os verdadeiros formadores de craques – os clubes menores, desestruturados, abandonados e entregues ao Deus dará. Tome providências Bolivar…
(*) Ex-atleta
N.B. 1 – Insuficiência de um bom trabalho na base tem levado, em percentual altíssimo, ao cometimento de faltas desnecessárias, concessões de escanteios injustificáveis e cometimento de penalidades máximas bisonhas. Quase sempre com implicações nos resultados das partidas.

N.B. 2 – Reprovável o posicionamento público de dirigentes do Santos e São Paulo em relação a árbitra Édina Alves Batista. Preferem os Daroncos da vida, os Nathans, os Brunos, os Flávios e outros tantos, todos inconsistentes, incoerentes e duvidosos. Discriminação?
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